Iron Maiden - The Future Past World Tour 2024
Por: Guilherme Formaggio
Taboão da Serra - SP
08/12/2024
A CÁPSULA TEMPORAL FOI
ABERTA MAIS UMA VEZ...
Em uma tarde comum de uma sexta feira no dia 06 de dezembro de 2024, vários amantes de uma das maiores bandas do planeta, vestidos com seus mantos sagrados e cantando seus hinos, marchavam ferozmente em direção ao Allianz Parque, em São Paulo, para mais uma celebração especial com a Donzela de Ferro!
O clima estava ensolarado com algumas ameaças de chuva, porém isso não era motivo para desânimo pois a noite prometia ser incrível e inesquecível.
Os portões da cápsula do tempo se abriram por volta das 16 horas, e um público ansioso foi se aglomerando aos poucos na pista do Allianz Parque. Pessoas de várias idades, famílias e amigos, íam chegando aos poucos e se ajeitando em busca do melhor lugar com melhor visibilidade possível do palco e dos dois telões disponíveis no estádio.
Cada um com histórias particulares, que já tinham visto a banda mais de uma vez e até mesmo aqueles que estavam ali para ver pela primeira vez, partilhavam de um mesmo sentimento.
UMA SURPRESA AGRADÁVEL!
Conforme as horas iam passando, mais pessoas iam chegando, se encontrando e se aglomerando dentro do estádio. A chuva já não ameaçava mais, e o calor foi tomando conta gradativamente ao cair da noite.
Por volta das 19:10, a banda de Heavy Metal dinamarquesa Volbeat subia ao palco para dar aquela animada no público que já estava bem ansioso para o espetáculo principal. Formada por Michael Poulsen no vocal e guitarra, Jon Larsen na bateria, Kaspar Boye Larsen no baixo e Rob Caggiano na guitarra, a banda deu um show a parte, com um setlist animado contendo doze músicas contagiante com seu estilo misto com influências de bandas como o Mercyfull Fate e o Kreator e o estilo Rockabilly.
A apresentação da banda foi uma surpresa bastante agradável, alguns lá já conheciam a banda devido ao seu sucesso crescente na Europa, e entoavam suas canções com alegria por poder vê-los pela primeira vez em solo nacional abrindo para as lendas do metal britânico. Grande destaque para as músicas "The Devil's Bleeding Crown" que abriu a apresentação, "Sad Man's Tongue" que conta com uma pontinha da "Ring of Fire" do Johnny Cash, "A Warrior's Call", "Wait a Minute My Girl" "Shotgun Blues", "Seal the Deal", "The Devil Rages On" e "For Evigt" l, a banda em tom de brincadeira chegou a questionar o público se merecia retornar no dia seguinte para fazer sua segunda apresentação junto ao Iron Maiden. Todos os integrantes estavam bem animados e admirados com o público que era de mais de 45 mil pessoas. A única deixa ruim foi que os telões permaneceram desligados durante a apresentação, que durou aproximadamente uma hora, mas isso não tirou o brilho e nem a energia da banda, porém comprometeu em questão de visibilidade para aqueles que estavam sentados muito longe do palco nas arquibancadas ou no fundo da pista.
A apresentação se encerrou por volta das 20:10, com um público bastante satisfeito, aguardando o prato principal da noite!
PRESOS EM ALGUM LUGAR DO ESPAÇO TEMPO...
O calor tomou conta do público, a sensação térmica era de aproximadamente 45º graus no meio da aglomeração da pista, e por conta disso os organizadores estavam distribuindo copos com água para dar aquela refrescada.
Já passavam das 21:50 quando uma multidão ansiosa e impaciente aguardava pela pela atração principal, a Donzela de Ferro!
Após exatos cinco minutos de atraso, os primeiros acordes de "Doctor Doctor" da banda UFO dava a largada para o espetáculo!
A multidão cantava a música alegremente, "Doctor doctor please, don't you know i Just can't wait! Living, loving. I'm on the run, soo far away from yooouuu!!!" Para quem nunca foi a um show da donzela, essa música é praticamente o ritual de batismo para o espetáculo! Após o último acorde as luzes do estádio se apagaram completamente e no palco luzes de neon e a trilha sonora do filme Blade Renner do compositor Vangelis confirmavam que apartir daquele momento estaríamos fazendo uma viagem de volta aos anos 80... Logo em seguida podíamos ouvir os primeiros acordes de "Caught Somewhere in Time" ecoando e uma multidão entoando em coro, enquanto duas figuras do mascote Eddie emergiam holográficamente no telão palco, uma de cada lado símbolizando o passado e o futuro. E com uma explosão, o vocalista Bruce Dickson, que parecia ter saído de um DeLorean trajando roupas que lembravam o doutor Emmett Brown do filme De Volta Para o Futuro surgia junto a banda toda, Steve Harris no Baixo, Nicko McBrain na bateria, Janick Gers, Adrian Smith e Dave Murray nas guitarras entoando os primeiros refrões ao qual a multidão cantava emocionada em coro! Estávamos de volta aos anos 80 naquela noite maravilhosa no Allianz Parque! Durante a "Stranger in a Strange Land" a figura do mascote Eddie forasteiro passeava pelo palco fazendo poses junto a banda. Após a segunda música Bruce, emocionado por estar de volta em São Paulo falou sobre a relação entre o Iron Maiden Eno Brasil desde sua primeira vinda em 1985 no primeiro Rock in Rio durante a Power Slave Tour.
Ele completou dizendo que aquela e a próxima noite do dia seguinte (07 de dezembro) seriam as últimas viagens no tempo com a The Future Past World Tour 2024...
Após o anúncio, podíamos ouvir a belíssima intro acústica de "Writing on the Wall" do último álbum Senjutsu (2021) executada pelo talentoso e lendário Janick Gers. As próximas músicas fugiram bastante dos clichês que geralmente são tocados durante as apresentações da banda... Músicas como "Run to the Hills", "Fight of Icarus", "Aces High" e"The Number of the Beast" ficaram de fora do setlist dando espaço a músicas dos dois álbuns Somewhere in Time (1986) e Senjutsu (2021).
O setlist arregaçador seguiu com as músicas, "Days of Future", "The Time Machine" e "The Prisioner" que levou a galera a loucura. Antes de anunciar a próxima música, Bruce perguntou se tínhamos alguns irlandeses entre o público, ele disse que em São Paulo tem uma grande concentração de imigrantes e descendentes de irlandeses, ele também falou da importância do povo Celta que infelizmente foram dizimados por volta do Século VI, sendo assim a próxima música foi "Death of the Celts" que foi seguidas por "Can I Play With Madness" e por "Heaven Can Wait" no qual Bruce em uma performance teatral duelou contra Eddie Ciborgue utilizando um trabuco em uma troca de tiros frenéticas que acertavam Eddie e explodiam com efeitos de fumaça!
UMA LENDA QUE ECOA ATRAVÉS DOS SÉCULOS!
Novamente as luzes do estádio foram apagadas, e a atmosfera já estava criada, finalmente chegara a hora de apreciarmos uma lenda que a muito tempo todos aguardavam... O som do vento e a icônica frase - " My son, ask for thyself another kingdom. For that which i leave is too small for thee!" - ditas pelo rei Philip da Macedônia anunciavam a chegada grandiosa e tão aguardada "Alexander The Great" que foi recebido por um público entusiasmado emocionado que cantou em coro os majestosos refrões dessa obra prima que todos aguardavam ver ao vivo sendo tocada pela primeira vez após quase 38 anos após o lançamento do álbum Somewhere in Time. Finalmente tivemos a oportunidade de apreciarmos aquele solos arrebatadores com aquela introdução majestosa, foi simplesmente épico e histórico!
As próximas duas músicas deram uma agitada na galera...novamente, o Allianz Parque foi tomado pela euforia de "Dear of the Dark" onde o estádio inteiro resoou em coro uníssono juntamente com a banda, os refrões icônicos que ecoavam para longe na calada da noite... A galera entrou em ecstasy com os acordes e riffs de "Iron Maiden", música homônima do primeiro álbum, durante a performance a figura do Eddie Samurai perseguia os integrantes no palco brandindo e desferindo golpes com sua Katana letal ao qual os integrantes desviavam enquanto tocavam, Janick chegou a correr em volta do grandalhão com sua guitarra enquanto desviava de alguns golpes chegando a passar por baixo das pernas do implacável Eddie Samurai! Após a essa música houve uma pequena pausa ao qual anunciava o fim do espetáculo. Durante o intervalo a Galera gritava "Olê, olê, olê, olê! Maiden! Maiden!"
As últimas três músicas do encore levou a galera a loucura novamente. "Hell on Earth" trouxe uma pegada distópica meio Mad Max ao palco ao qual Steve fazia suas poses de rifle com seu baixo em meio as labaredas, que emergiam em frente ao palco em um show pirotécnico. "The Trooper" novamente mostrou a cavalgada das guitarras de Adrian e Dave em uma performance inigualável enquanto Nicko arregaçava na bateria. E por fim, a nossa viagem temporal chegou ao seu último destino com a última música, "Wasted Years" que fechou a noite com chave de ouro, com toda a simbologia de viagem entre o passado do futuro.
O público se despediu da banda com um último anúncio de Bruce convidando a todos para uma última viagem no último show do ano dessa tour, no dia seguinte, 07 de dezembro. Ele também anunciou que, caso não fosse possível para alguns comparecerem no dia seguinte, eles irão retornar em 2026 para comemorar o aniversário de 50 anos da banda na tour Run For Your Lives World Tour 2025 - 2026. Por fim, antes mesmo de a galera se retirar Nicko McBrain foi ovacionado por todos por conta de certos acontecimentos que o baterista passou nos últimos tempos... Emocionado, ele distribuiu algumas baquetas e partes do seu kit de bateria, para o público próximo do palco enquanto agradecia o carinho de todos.
Logo após isso, todos foram se retirando aos poucos enquanto tocava "Aways Look on the Bright Side of the Life" do grupo de comédia britânico Monty Python. E assim, já passando das 23:15, foi encerrada essa noite histórica com a maior banda de Heavy Metal do Planeta! - UP THE IRONS!!!
O FIM DE UMA ERA!
Em meio a alegria dessa tour, Nicko anunciou na manhã do dia 07 em carta aberta ao público sua saída da donzela de ferro, após 42 anos ininterruptos tocando bateria com a banda, sendo então sua última apresentação naquela noite, deixando um gosto meio agridoce para o público presente no dia seguinte.
A decisão foi tomada pelo próprio músico de 72 anos devido aos avanços de sua idade, ele já não tem mais pique para viagens com tornês longas e por questões de saúde.
No começo do ano Nicko sofreu um AVC que prejudicou um pouco sua capacidade e coordenação motora, impedindo de realizar certas técnicas e viradas com destreza em sua bateria, por conta disso o setlist desse ano teve que ser readaptado às suas condições...
Outra curiosidade foi que Nicko decidiu realizar esse anúncio aqui em São Paulo no último show dessa tour devido a relação de carinho que a banda tem com o Brasil desde a primeira apresentação do Iron Maiden no primeiro Rock in Rio em 1985, sendo mais que apropriado a suas despedida nessa noite especial em São Paulo que entrará para a história.
O produtor de longa data da banda, Rod Smallwood também fez uma declaração emocionante junto da banda em carta aberta ao público.
Apesar de sua aposentadoria, Nicko continuará sendo parte da família da banda pra sempre, atuando em projetos paralelos.
O QUE VIRÁ A SEGUIR, APENAS O TEMPO PODERÁ NOS REVELAR...
Na manhã de domingo, dia 08 de dezembro, o Iron Maiden anunciou em um comunicado o seu novo baterista, Simon Dawnson que já trabalha como baterista na outra banda do baixista e líder do Iron Maiden, Steve Harris, o British Lion. Mais do que apropriado, Dawnson é a escolha perfeita em um momento como este, ele cuidará muito bem do legado de Nicko e da banda daqui pra frente. Agora, o que virá após essa tour de 50 anos, é bastante incerto, somente o tempo poderá nos dizer...
Setilist:
Volbeat:
1 - The Devil's Bleeding Crown
2 - Lola Montez
3 - Sad Man's Tongue
4 - A Warrior's Call
5 - Black Rose
6 - Wait a Minute My Girl
7- Shotgun Blues
8 - Falling
9 - Seal the Deal
10 - The Devil Rages On
11 - For Evigt
12 - Still Counting
Iron Maiden:
1 - Caught Somewhere in Time
2 - Stranger in a Stranger Land
3 - Writing on the Wall
4 - Days of Future Past
5 - The Time Machine
6 - The Prisioner
7- Death of the Celts
8 - Can I Play With Madness
9 - Heaven Can Wait
10 - Alexander The Great
11 - Fear of the Dark
12 - Iron Maiden
13 - Hell on Earth
14 - The Trooper
15 - Wasted Years
Grande Guilherme, que resenha sensacional, parabéns, na minha humilde opinião, The Number é Halloweed by Name fizeram muita falta, e bem que podia ter uma banda brasileira para abertura, mas parabéns pelo excelente trabalho.
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