Cobra Spell - Show no Araraquara Rock 2024
Texto e Fotos Por: Bruno França
Edição e Publicação Por: Guilherme Formaggio
14/07/2024
Para aqueles que amam a música:
a 1ª passagem da Cobra Spell pelo Brasil
O Araraquara Rock, um festival promovido pela Prefeitura da mesma cidade e que é o maior do seu gênero na região, chegou na sua 22ª edição no corrente ano. O Domingo de 14 de Julho viu o seu último dia de festival logo após o Dia Mundial do Rock, sendo dedicado exclusivamente às vertentes das mais variadas formas do Rock e do Metal. Desta forma, o supramencionado festival acaba atuando como uma autêntica comunhão dos apreciadores destes estilos de música.
A penúltima atração, no
entanto, possui um chamativo específico. Foi a única
banda internacional do evento, na sua 1ª passagem pela América Latina, e
formada exclusivamente por mulheres. Formação esta que possui membras não só de
um único país, mas multinacional (e multicontinental!).
Nascida no ano de 2019 com a
promessa de resgatar o Heavy Metal tradicional e o Hard Rock do período dos
anos 80, o Cobra Spell veio para o solo brasileiro divulgando "A Turnê 666
na América Latina", e a cidade de Araraquara marcou a última passagem no
país.
O céu noturno altamente
estelar trouxe um clima fresco, o que acabou sendo uma ótima surpresa, já que
permitiu pintar o cenário para o que estava por vir fosse ditar a iminente alteração de temperatura. Marcado para às 20:40,
os problemas logísticos que fizeram começar precisamente às 20:59 é algo que
vem com o território, durante um festival. E que certamente não alterou os
ânimos dali presentes.
REAPRENDENDO O QUE SIGNIFICA
"PAIXÃO"
A introdução de "The
Devil Inside of Me", junto com um coro entre as membras similar ao feito
no teatro para desejar sorte, foi o suficiente para atiçar uma curiosidade
ainda maior por parte da platéia, que já estava animada para conferi-las.
Não demorou muito para que
todo o Teatro de Arena fosse dominado por uma apresentação envolvida por uma
eletricidade que não estava limitada aos instrumentos, mas também pela movimentação das 5 integrantes.
Na verdade, logo no começo,
foi estabelecida uma conexão transcendental
entre a banda e a plateia ali reunida. Platéia
esta que rapidamente saiu dos assentos do
teatro para poder experienciar o desvendar de um espetáculo que estava sendo
magistralmente conduzido pela Cobra Spell.
"Atmosférico" sequer
começa a descrever o clima explosivo tomado de
assalto pelo quinteto, e a interação entre todos os envolvidos no teatro operava numa
crescendo conforme o repertório iria avançando, em especial com as músicas
"S.E.X.", "Poison Bite" e "Warrior From Hell"
(antes de iniciar esta aqui, a vocalista Kristina Vega pediu para todos se
ajoelharem diante da chegada da Guerreira vinda direto do coração do Inferno).
EXECUTAR A ORDEM 666
Conseguir verbalizar o quão
intenso é o nível da sinergia entre elas é uma tarefa que o dicionário
conhecido não faz justiça.
Era nítido o semblante de
satisfação e diversão emanado por todas elas enquanto passeavam pelas músicas.
Atos falam mais alto do que palavras, e mesmo o observador menos experiente
pode notar que está cravado no DNA de cada uma delas que elas nasceram para isso.
Para além da entrega
instrumental ter ocorrido num nível elevado, deve ser mencionada a atuação em
si no palco. Um teatro foi o local apropriado, pois o aspecto da teatralidade
se manifestou de maneira tão natural quanto às necessidades básicas do corpo humano. Coladas no palco para gerarem
uma aproximação com quem estivesse perto, pulos
pontuais, olhares direcionados a todos os pontos do teatro...
Destaque central para os
momentos em que as musicistas atuavam em duetos durante segmentos em
específico, numa clara demonstração de que elas conseguem soletrar a palavra
D-I-V-E-R-S-Ã-O através de ações como apenas poucos musicistas são
capazes.
É COMO UMA FUSÃO DE “DRAGON BALL Z”, PORÉM 5 SE TORNAM 1
SÓ
Obviamente, existe o fator
Sônia Anubis. Como uma manifestação de uma força da natureza dentro e fora do
palco, a líder holandesa demonstra sem esforços de que está escrevendo o seu
nome na história de talentos com uma avalanche
de riffs e técnicas que dão inveja a aqueles que tiveram uma educação formal na
área (fato interessante: ela é autodidata).
Sua vasta linguagem corporal e a sua atuação em sua Jackson Warrior fizeram o falatório mais do que discursos em gritos.
A guitarrista Noelle dos Anjos
é a representação brasileira na banda e motivo de identificação forte por
muitos ao verem o Brasil estar presente numa
banda deste calibre. A conexão entre Noelle e Sônia parece alcançar o nível
celular, pois uma complementa a outra como uma poesia em movimento. Com o seu
aniversário acontecendo durante a turnê dentro da
terra natal, não dava para ter uma comemoração mais apropriada, se comunicando
em momentos-chave com a platéia em bom português.
A venezuelana Roxana Herrera é
outro caso de sangue latino-americano sendo representado. Um caso essencial
para que a performance brilhasse como um todo, ela entregava linhas sólidas de
baixo claramente audíveis, e não era incomum
se sobressair em determinados casos.
Hale Naphtha estava lá atrás
na bateria, mas deixava todos cientes da sua presença, dominando o seu kit de
bateria com uma grande tranquilidade e conduzindo a apresentação com uma
combinação exótica de conhecimento e graciosidade.
A vocalista Kristina Vega
parecia ter a platéia inteira na palma das suas mãos. Dona de uma voz poderosa
capaz de alcançar notas altíssimas, Kristina se comunicou majoritariamente em
Inglês, mas arriscava o famoso "portunhol" de vez em quando. Seu
canto e a sua atuação elevaram a temperatura do teatro, e o público respondia à
altura.
Destaque foi quando ela
perguntou para todos antes da excelente "Accelerate" (vinda do 2º EP,
"Anthems of the Night") sobre a velocidade em que dirigimos enquanto
estamos em um carro, e que somente na
velocidade de 666 km/h seria rápido o suficiente.
Sua voz ecoa pelos
instrumentos e estabelece a tonalidade precisa, exalando carisma e um grau de
profissionalismo capaz de impressionar veteranos de décadas no ramo.
Profissionalismo este que
refletia na banda como um todo, pois o grau de sinergia aqui testemunhado é,
no mínimo absoluto, DESCOMUNAL.
TUDO O QUE É BOM PODE DURAR
PARA SEMPRE
O atraso infelizmente impediu
que "High On Love" fosse tocada. Mesmo
assim, o que foi visto aqui foi uma legítima ESCOLA em como realizar uma
performance em um palco, ao ponto de invocar uma sensação contínua de
"quero mais", onde o tempo parecia
correr em uma maratona.
Deve ser frisado também um conceito chamado "respeito". Respeito
apresentado pela banda não só em tratar o seu público, mas também pela
consideração e interesse em trocar ideias e registrar o momento com todos na
generosa área de itens e mercadorias, tanto antes do show como depois dele.
Todos que compareceram durante
a visita ao Brasil puderam testemunhar que o Cobra Spell é uma força a
ser reconhecida, e que este nome será escutado mais
vezes.
Uma noite nada menos do
que fantástica que ficou merecidamente registrada na
história do Araraquara Rock, e que povoará a
mente dos que estavam presentes por um bom tempo.
Tendo sido a 1ª passagem pelo
país, fica o desejo nutrido em ser a 1ª entre
muitas.
Um parabéns e um imenso
agradecimento para a equipe da Som do Darma e para a Caveira Velha Produções,
por terem organizado a turnê do conjunto e por todo o suporte concedido.
Repertório:
1) The Devil Inside of Me
2) Satan Is A Woman
3) Bad Girl Crew
4) S.E.X.
5) Love Crime
6) You're A Cheater
7) Poison Bite
8) Accelerate
9) Warrior From Hell
10) Addicted To The Night
Créditos para Guilherme
Formaggio pelo envio do repertório
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